terça-feira, 27 de julho de 2010

De inexperiente, ele não tem nada



“Não me resta alternativa a não ser duvidar que a massa tenha muita inteligência ou mesmo o mínimo de bom senso”
O site oficial de Danilo Gentili (aqui) avisa logo: “Antes do CQC ele já estava por aí…”. É fato. Em 2005, subiu pela primeira vez profissionalmente em um palco para fazer humor, além de tentar performances como compositor e cartunista. Mas é inegável o fato de ter sido apresentado ao grande público a partir do programa da Band. No mesmo ano da estreia da atração comandada por Marcelo Tas, 2008, foi eleito pela revista Veja como o humorista do ano. Suas primeiras aparições aconteceram como o Repórter Inexperiente, o qual, como o próprio nome sugere, fazia entrevistas com “celebridades” sem a menor noção da biografia do entrevistado ou de regras básicas sobre como conduzir uma situação deste tipo (veja um dos vídeos mais conhecidos dessa época, o papo de Danilo com Gretchen,  aqui).
O programa ganhou espaço e repercussão. Seus integrantes se tornaram, em muitos casos, as celebridades que tanto perseguiram (e perseguem). A atração tem ajudado a remodelar alguns conceitos do jornalismo feito em TV. Neste final de semana, a Veja, mais uma vez, mas desta vez em sua edição São Paulo, colocou Gentili na lista dos paulistanos mais influentes do Twitter. Com mais de 800 mil seguidores, o  @DaniloGentili fala diretamente a uma plateia provavelmente inimaginável para o menino que, aos quatro anos, fez sua primeira piada a um garçom de pizzaria (“Uma foda… digo, digo… uma soda”, respondeu à pergunta “O que deseja?”).
As questões para Gentili foram feitas por Cinthia Curado, responsável também por sugerir o nome do entrevistado, Fabio Chiorino Juliana Andrade e  Rodrigo Dionisio. Divirta-se:
 XComunicação – Afinal, o CQC é um programa de jornalismo ou de entretenimento?  Danilo Gentili – Acho que o CQC alcançou na mente do público um estado ímpar… Uma mistura de humor, denúncia, jornalismo, irreverência… Acho que posso afirmar que o CQC é o CQC.
 XComunicação – Você, como a maior parte dos integrantes do CQC, não é jornalista de formação, mas talvez estejam provocando uma nova forma de fazer jornalismo. Vocês percebem isso e tinham essa intenção ao começar o programa?
 Danilo Gentili – Não posso responder pelos outros colegas, mas minha intenção sempre foi ser autêntico nas minhas indagações e no que opino diante da equipe. Me enxergo mais como uma pessoa comum realizando um trabalho com uma postura autêntica diante dos cenários nos quais me encontro do que como um bom profissional de jornalismo que procura manter em prática todos os itens da cartilha.
 XComunicação – Vocês acompanham os programas tecnicamente concorrentes, como Pânico e Legendários?
 Danilo Gentili – Nunca assisti Pânico pra acompanhar a “concorrência”, todas as vezes que assisti foi pra me divertir.
 XComunicação – Como é a relação do CQC com as assessorias? Há resistência ao trabalho de vocês e de vocês em relação às assessorias?
 Danilo Gentili – Muita assessoria (e cliente da assessoria) entende a proposta do programa, embarca na brincadeira, aceita a confrontação e gosta de participar. Mas independente disso o lema do programa está explicito no nome, “Custe o que Custar”, então os assessores que nos perdoem, mas às vezes, se preciso for, somos uma mosquinha chata zumbindo por aí…
 XComunicação – Você acha que o formato CQC vai se desgastar com o tempo? Até onde isso deve ir e qual seria o caminho para o programa se reinventar (caso o desgaste aconteça)?
 Danilo Gentili – O CQC é um programa que se alimenta de fatos e eventos. Essa fonte onde bebemos é muito dinâmica e pode garantir uma vida bem longa ao programa.
 XComunicação – De que forma o CQC influenciou na sua carreira em stand up comedy?
 Danilo Gentili – Na verdade foi o contrário. Se estou no CQC hoje é por causa do stand-up comedy.
 XComunicação – Temos acompanhado as recentes agressões que você sofreu durante as gravações para o CQC. Para você o que incomoda mais os entrevistados: a crítica ou a ironia utilizada nas entrevistas? Você não tem medo de ficar estigmatizado como saco de pancadas da TV brasileira?
 Danilo Gentili – Eu não estou no CQC porque tomei porrada. Eu tomei porrada porque estou no CQC. Já me perguntaram se eu não tinha medo de ser estigmatizado como “o repórter inexperiente”, depois perguntaram se eu não tinha medo de ser pra sempre o “cara de Brasília”… Depois perguntaram se eu não tinha medo de ficar conhecido como “o cara que é expulso dos lugares” ou “o cara que faz piada polêmica” ou ainda “o comediante que só sabe fazer stand-up”… Acho que no fim das contas eu serei só o Danilo mesmo.
 XComunicação - O humor faz parte do seu dia-a-dia? Você se considera um cara bem humorado?
 Danilo Gentili – O humor faz parte do meu dia-a-dia assim como o jornalismo faz parte do seu. Meu humor é normal… Quem fica muito alegre rindo por ai não tem tempo pra sentar e escrever piada.
 XComunicação - Há um limite entre o humor irreverente e o mau gosto e falta de educação?
 Danilo Gentili – Essa é uma pergunta que quem deve responder é o público que gosta e consome comédia. Pra eles que são feitas as piadas. Eu, como comediante, não me importo com irreverência, com mau ou bom gosto e nem com educação… Me preocupo apenas em fazer meu público rir.
 XComunicação - Zapear entre canais abertos num sábado ou domingo à tarde pode ser uma experiência traumatizante. A audiência de programas de auditório deve-se ao fato de ser a única opção para boa parte da população ou acredita que o público realmente não se interessa por atrações mais bem elaboradas? Em resumo, até que ponto você acredita na inteligência dos telespectadores?
 Danilo Gentili – Se eu ligo a TV e vejo que certos programas têm boa audiência, se vejo que pastores conseguem construir um império contando mentira, se abro um livro de história e vejo o que as pessoas fizeram e em que acreditavam, se vejo quem são os políticos eleitos por aí… bem… Não me resta alternativa a não ser duvidar que a massa tenha muita inteligência ou mesmo o mínimo de bom senso.
 XComunicação - O que você assiste na televisão aberta na TV por assinatura (se é que assiste e não vale falar só filmes)? Curte seriados como Lost, por exemplo?
 Danilo Gentili – È coisa rara eu ver TV aberta, mas bem rara mesmo. Assisto muito documentário sobre biologia, história, sociedade… Adoro tudo que envolve comédia, sitcoms, shows, programas…e claro: filmes…muiitos filmes!


domingo, 25 de julho de 2010

Mulheres levam beleza e graça ao "CQC"

Ernestina Pais, 38, ocupa a bancada do "CQC" argentino desde o início de 2009. Vestiu terno para substituir o fundador do programa.

Monica Iozzi se vira bem no ambiente "testosterônico" do "CQC", diz Tas

Uma tragédia forjou o jeito desenvolto. O pai, militante de um grupo armado de esquerda, foi sequestrado pela ditadura argentina e sumiu. "Me sentia abandonada. Eu era engraçada para chamar a atenção. Da dor, nasce esse tipo de personalidade."

Personalidade que Monica Iozzi, 28, conheceu há um ano, quando chegou ao final de um concurso que escolheu mais um membro do "CQC" brasileiro. "Aí fui ver quem ela era no YouTube."





A apresentadora do "CQC" argentino Ernestina Pais (à esq.) e a repórter da versão brasileira do "CQC", Monica Iozzi
Fotos: Sergio Goya/Marisa Caduro/Folhapress


Formada em artes cênicas, Monica não quer ser atriz quando está em Brasília."Questiono, como o povo, coisas que eu quero saber."

Ficou "muito assustada" com a agressão física que sofreu do deputado Nelson Trad (PMDB-MS), em junho. "Mas muita gente não vai votar mais. Beleza."

Apesar do que "já ouvia", se surpreendeu com o "tanto de interesses [escusos] em Brasília". Mas faz uma ressalva: "Tem pessoas boas lá".





FONTE: BOL Notícias

Monica Iozzi se vira bem no ambiente "testosterônico" do "CQC", diz Tas




O apresentador Marcelo Tas, do "CQC" (Band), diz que não deve ser fácil para Monica Iozzi sobreviver no ambiente "testosterônico" do programa, mas acha que a repórter tem se virado bem.
Escolhida no ano passado como a oitava integrante do programa, Iozzi foi a primeira --e permanece a única-- integrante do sexo feminino na linha de frente do programa.
Leia a íntegra do depoimento que Tas deu à Folha sobre a repórter:
"A Monica é um docinho de coco de um sabor bem diferente, que eu conheço muito bem. Nascida em Ribeirão Preto, minha região natal, usa sua placidez caipira para esconder a sagacidade.
É uma moça alta, bonitona e ainda tem um verrrrniz (com forrrrça no erre) de mulher forte e decidida, que sabe o segredo de vencer na vida: coragem e trabalho duro.
Me sinto orgulhoso de vê-la crescer a cada semana no CQC. Fui um dos entusiastas da escolha dela para oitavo elemento.
Não deve ser fácil para Mônica sobreviver no ambiente testosterônico dos homens de preto. Mesmo assim, ela consegue tirar isso de letra. Com generosidade e tolerância finge achar graça nas nossas besteiras de meninos.
Como se diz lá em Ribeirão, é mulherrrr pra mais de metro!"


FONTE: Folha.com

Lei eleitoral bane humor de programas na TV

Com as restrições impostas pela legislação eleitoral, humoristas da TV evitam mirar nos candidatos. O "Casseta & Planeta", por exemplo, tirou os presidenciáveis de seu programa.
É o que mostra reportagem de Fabio Brisolla, publicada na edição deste domingo do jornal O GLOBO.
Desde o dia 6 de julho, quando a campanha começou oficialmente, as produções de humor na TV buscam alternativas para lidar com as restrições impostas pela lei eleitoral.
A saída recorrente tem sido amenizar o tom das piadas com candidatos ou, em alguns casos, cortar esquetes do roteiro.
A lei eleitoral n 9.504/97 proíbe que emissoras de rádio e TV usem "trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação".
Na prática, o artigo atinge em cheio as brincadeiras realizadas por humoristas. Poderia ser encarada como ofensa, por exemplo, uma pergunta mais ácida de um repórter do "CQC" ou a insistência de Sabrina Sato, do "Pânico na TV", para convencer um candidato a dançar o hit "Rebolation". No caso de uma infração, a multa pode chegar a R$ 200 mil.

FONTE: O Globo



Programas humorísticos censuram piadas e tiram candidatos do ar para evitar punição


 
BERNARDO MELLO FRANCO



Quem achou graça nas sequências ao lado, em que os integrantes do "Casseta & Planeta" imitam os presidenciáveis na caça aos votos, vai ter que esperar até o fim da eleição para rir de novo.

Assustados com as novas regras do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os humorísticos da TV foram obrigados a puxar o freio na cobertura da corrida ao Planalto. 

Para os comediantes, o veto a qualquer piada que "degrade ou ridicularize candidato, partido político ou coligação" estabelecido pela resolução 23.191/2009 da corte caiu como uma lei da mordaça sobre a telinha.

"É o estilo Dunga dominando a eleição", diz o casseta Hélio de la Peña. "O povo devia ter direito a se divertir um pouco com a política, já que será obrigado a sofrer com o horário gratuito."

No ar desde 1992 na Globo, o "Casseta" tomou a medida mais radical para se adaptar à norma em vigor desde o dia 1º: baniu qualquer referência aos candidatos até outubro.

Os quadros sobre as eleições agora são limitados a personagens fictícios como o candidato do Partido do Polvo Profeta, inspirado no molusco que previa os resultados dos jogos na Copa. 

"A gente preferia tratar de absurdos mais reais, como o jingle do Collor com a Dilma, mas a lei entende que você só trata de política para favorecer ou prejudicar alguém. Estão levando o humor muito a sério", afirma La Peña, que "incorporou" Marina Silva (PV) na última paródia dos presidenciáveis, em junho.

No "CQC", a ordem é insistir na cobertura da eleição de verdade, mas com restrições. Uma delas foi aposentar recursos de computação gráfica que ajudavam a dar um tom mais irreverente às entrevistas a lei proíbe usar "trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo" que possa ser interpretado como deboche.

"É lamentável. Fomos obrigados a abrir mão dos cartunistas eletrônicos, que eram parte importantes da nossa cobertura", declara Marcelo Tas, líder dos engravatados da Band, o "CQC". 

Outra mudança forçada foi a abertura de espaço para os candidatos nanicos, sob o risco de perder audiência.

"Estamos tomando cuidado para seguir a lei, mas acreditamos que essas restrições prejudicam bastante. Os políticos já entenderam que os os microfones do "CQC" os ajudam a se conectar com uma audiência que está de saco cheio deles", diz Tas.

As regras do TSE também preocupam a turma do "Pânico na TV". Depois de levantar a audiência e o humor dos parlamentares com os desfiles de Sabrina Sato em vestidos justíssimos no Congresso, o programa estuda uma fórmula para manter a política na pauta.

O diretor Alan Rapp, que estava viajando na semana passada, disse à coluna Outro Canal que nenhuma piada vai ao ar sem consulta prévia aos advogados da RedeTV!: "Não consigo fazer quase nada. Sigo o que diz o jurídico da emissora".

REBOLATION


Antes de as novas regras entrarem em vigor, os humorísticos protagonizaram alguns dos melhores momentos da pré-campanha.

No "CQC", José Serra (PSDB) fez piadas de duplo sentido e brincou com o apelido de vampiro: "Aprecio muito pescoços de mulheres. Mas não a ponto de morder para tirar sangue".

Sempre blindada por assessores, Dilma Rousseff (PT) baixou a guarda no "Pânico" e disse a Sabrina que, se eleita, vai dançar o rebolation. Promessa de campanha? 







FONTE: Folha.com